quarta-feira, 28 de março de 2012

Avelino, o discreto



Avelino é um ser discreto, de poucas palavras, de poucos gestos. É dono de uma pastelaria que costumo frequentar, de forma assidua mas irregular. No entanto ele aprendeu como que a conhecer-me depressa e bem.
Sabe o que vou beber, a mesa que ocupo, ao ar livre, na esplanada de plantas onde sabe que escrevo e possui o dom e a gentileza atenta de acender as luzes da esplanada, quando o entardecer escuresse o lugar, soltário, que ocupo.
Avelino tem um computador portatil na mesa do fundo, tem uma viola que sei qe toca, tem uma relação com o mundo via net, tem a sua tranquilidade e outras imagens de marca, que fazem dele uma pessoa diferente e estimada..
Avelino é um amigo  especial que nunca abracei, porque a postura que impomos a ambos assim nos obriga.
Ás vezes apetecia-me poder abraçá-lo e ouvir as suas dores e pesos do dia a dia, porque sei que os tem! Ás vezes apetecia-me também poder dizer-lhe o quanto estou feliz ou sofrida, porque estou! Mas entre nós existe esse território de separação, esse silêncio cumplice, esse enigma de aparente distancia.
Avelino tem uma familia bonita, uma esposa tranquila, um jovem filho talentoso. Gosto da familia por inteiro, da educação, de tudo.
E gosto dessa esplanada de flores discretas, onde muitas vezes escrevo, como se aquele lindo lugar fosse um pedaço da minha casa e da minha alma literária.

(ao meu querido amigo Avelino, dedico este texto)

Teresa Afonso
Setúbal, 28 de Março de 2012
(direitos de publicação reservados)

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