sexta-feira, 30 de março de 2012

IMERECIDAS MORTES


Neste estranho mundo e seres estranhos que somos, tudo é possivel, até o suposto impossivel.
Vivias só, mas autonoma, com o teu dinheiro e garra. Mas não podias nem deverias estar só, qaundo lutavas intensamente com a vida: o dia, a hora,  a semana possivel.
No serviço de oncologia, repetias um duro ritual: as sessões de quimioterapia, os vomitos em casa, as diarreias, o lindo cabelo que te fez calva, a filha que tiveste que afastar de ti para não sofrer.

Neste estranho mundo e seres estranhos que somos, os amigos fogem e a solidão perdura, quando se anuncia a dor, o sofrimento, a falta, até a eventual morte.

Não sabemos como lidar com as traições, as desistencias, os despresos. Sabemos apenas que temos que viver, mas é exactamente ai, nessse ponto sagrado da traição, que ás vezes desistimos, ou então renascemos.
É certo que a voz da revolta comanda exercitos e vidas. Mas é certo que a rebeldia ás vezes ganha o poder de comandar a vida,acabe ela como acabar. 
A tua acabou numa capela de anjon e num formo crematório, segundo a tua vontade. As cinzas, transportadas no meu carro, seguiram os infinitos horizontes da Arrábia, onde foram derramadas num espontaneo ritual de imenso respeito, silêncio e Amor.
Não tenho palavras para dizer da saudade, do vazio, da memória.
Mas posso dizer, sinceramente:
"depois de tudo
 o que permanece é o Amor"

(que assim seja, sinto e sei que assim será)

Teresa Afonso
(direitos de autoria reservados)

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