quinta-feira, 15 de março de 2012

A TRAIÇÃO DO AMOR



Houve um tempo em que o amor tangia doces melodias. Lembras-te?...
Um tempo mágico, em que essas doces melodias (tuas e minhas), viajavam entre mundos, unindo corações distantes, acasalando corpos e auras iluminadas. Mas a mentira tecia já, na cobardia da sombra, os enredos da tragédia! Por isso, não foi sublime o amor, porque deixou-se condenar a si mesmo. Não foi vitorioso o amor, porque se perdeu na cobardia e desistiu de si mesmo.
Ficou então o nada, um vazio de flores mortas no utero da terra / coração. Sorriu, como sorriem as feiticeiras: com desdém. É com esse sorriso que agora penso: este amor foi o filho que nã soubemos ter, porque o matamos, com toda a crueldade, roubando-lhe o divino direito de nascer.
Sim, agora ficou o nada. Fico também um deserto de poeiras e desejos insatisfeitos, onde afinal apenas o esboço dos nossos rostos por um instante se desenhou - magia de um efemero instante, apenas!
Depois, vieram os selvagens ventos aliseos, que tudo varreram, na sua furia destruidora. O amor tem esse poder, de inspirar as maiores raivas e os ódios mais morbidos, não é? Tarde demais o soubemos, impossivel voltar atrás, fazer o quê?
Depois dos ventos, só um grão de areia, silencioso e discreto, guarda agora a memória desse amor que um dia nós fomos, ou acreditamos ser. Chegamos a ser? Faltou-nos quase tudo: a coragem, a ousadia, esse grito de eternidade que sonhamos mas jamais construimos de verdade.
Por tudo isso, fomos vencidos pela raiva ds furacões, esses que sabem varrer as esfinges dos desertos, esses que conhecem as fraquezas dos humanos corações.
Quero que te soltes e partas de mim, por inteiro, para sempre. Não mais o peso da tua memória, não mais o registro da tua existência, se é que alguma vez foste real, se é que alguma vez exististe de verdade. Olhando para trás, pergunto-me e não sei, juro que não sei quem foste, juro que não sei a quem me dei, porque me dei, isso eu sei! Mas isso é muito pouco para escrever um historia de amor.
Não esperes mais por mim, não me busques, não me escrevas, não penses sequer em mim. Porquê? Porque aquela que conheceste já não existe, e a verdade é que tu foste o autor da sua própria morte.
Sim, sorriu agora como sorriem as feiticeiras: com a lucidez e o desdém que os falsos amores inspiram.
Adeus!

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